Segunda-feira, 29 de Março de 2004
Uma vida realizada é uma vida finalizada, é uma vida autêntica! Só percebemos a vida de Jesus se olharmos para o fim: morte e ressurreição: Eu venho Senhor, para fazer a vossa vontade. Nós somos aqueles que já sabemos o fim, sabemos que somos vencedores, sabemos que a morte foi vencida. Sabemos que apesar de tudo venceremos as tempestades. É preciso permanecer na obediência ao projecto de Deus para nós. Custe o que custar! Não podemos baixar o grau de exigência, temos que ir até às últimas consequências. Até ao Fim! Sim, é arriscado. Diria mesmo que é impossível sem o auxílio do Pai. Se sabemos o fim, tudo é diferente no hoje da minha vida
Sabê-lo e experimentá-lo (mesmo que seja pequeníssimos raios de luz) altera as minhas opções, as minhas prioridades, os meus pensamentos e as minhas acções. Porque sei que a minha meta é só uma. Mesmo que o cimo do mar seja alvo de turbulências e ventanias, nas profundezas reina a Paz, o suave sopro de Deus. Só aquele que sabe para onde vai sabe onde está. Não desistas, vai até ao fim!
Sábado, 13 de Março de 2004
Senhor, Tu conheces o intimo do meu ser. Vê a miséria em que me encontro, olha para a vida que me concedeste e que eu transformei em nada. Vê as cadeias que me prendem, o pecado que me oprime e escraviza. Tenho sede de Ti, vem em meu auxílio, liberta-me Ó Deus!
«Eu vi a situação miserável do meu povo no Egipto; escutei o seu clamor provocado pelos opressores. Conheço, pois, as suas angústias. Desci para o libertar das mãos dos Egipcios e o levar deste país para uma terra boa e espaçosa, onde corre leite e mel» (Ex 3, 7). Estarei eu condenado a viver na escravidão do pecado para sempre? Estarei eu condenado a praticar o mal que não quero em vez do bem que quero? Infeliz de mim se não fosse o teu amor. Eu sei que é grande a Tua misericórdia para aqueles que Te temem (sl 102). Que eu te tema Senhor, que eu obedeça à tua palavra, que a tua vontade seja feita em mim, que a minha vida Te seja agradável. A tua santidade é um constante apelo à minha conversão.
Perdoai-me Ó Pai por tantas vezes me aproximar de ti com as sandálias nos pés. perdoai-me pela esterilidade da minha vida.
Segunda-feira, 8 de Março de 2004
Espírito Santo, sopro de amor que sinto em mim, força arrebatadora que arde o meu coração, que me envia, que me chama. Quem és Tu?
Numa palavra diria que é um dinamismo (dunamis em grego= poder, força, potência). O Espírito Santo é aquele que age, Senhor que dá a vida. Possibilita a abertura a Deus: é através dEle que Deus realiza a criação e dá ao homem a força para se abrir ao seu mistério absoluto: Eu sou imagem e semelhança de Deus, Eu sou Filho de Deus.
O pneuma é um meio de encontro entre Deus e o homem, é o tempo e o espaço desse encontro. Realiza-se em nós, pois nós somos a habitação do Espírito, onde ele mora, onde realiza o projecto de Deus em nós e por nós ao mundo. Somos também instrumentos, não passivos mas actuantes. Ao estender a minha mão, ao perdoar, ao amar
mesmo aquele de quem não tenho muita simpatia
é o Espírito que trabalha em mim, e por isso é que sou capaz de realizar coisas que estavam totalmente fora do meu alcance frágil e limitado. Apoiado em Deus o meu horizonte passa a ser o infinito (Nada é impossível para Deus). Aposto que cada um já passou por uma situação em que parecia impossível obter solução
mas tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus. É o Reino de Deus que se cumpre em mim e por mim. A minha acção não é só minha mas enquadra-se em toda a acção salvadora de Deus para todos nós, (mesmo que essa acção signifique pouco ou quase nada aos olhos do mundo, se foi realizada com este amor que vem de Deus, dá muito fruto, maior do que pensamos e esperamos). Deus espera da minha palavra para que o outro se sinta consolado. Deus espera pelo meu sorriso para que tu te sintas amado. Deus espera pelo meu olhar para que tu te sintas perdoado, Deus espera pela minha oração para que tu te sintas salvo. Deus é uma aventura, uma surpresa
arrisca caminhar com Ele e para Ele. Calça as sapatilhas da fé, põem a mochila da esperança aos ombros e dá a mão ao que vai ao teu lado.
«Nós todos que, com o rosto descoberto, reflectimos a glória do Senhor, somos transfigurados na sua própria imagem, de glória em glória pelo Senhor que é Espírito (2 Cor 3, 18). Descobre o teu rosto!
Quarta-feira, 3 de Março de 2004
1. Jesus revela o seu segredo! Comunica aos seus discípulos o direito e o poder de chamar a Deus: Abbá: Pai, introduzindo-os na mesma relação que tinha com o Pai, tornando-os participantes desta comunhão única que Jesus mantinha com Deus. Jesus dá-nos o seu Pai, que agora é também Nosso Pai.
2. Tudo o que se passa na nossa vida: alegrias, tristezas, esperanças, dificuldades, êxitos, fracassos
interessa ao Pai. Nada passa indiferente ao Pai. Nenhuma palavra que dirigimos a Ele, pas-sa ao lado. Todas são escutadas e acolhidas com o máximo de atenção e amor. A nossa oração é selada e confirmada pelo amor infinito que o Pai tem pelo filho. A oração do Pai-Nosso é a nossa oração, oração dos filhos de Deus, que é a oração do Filho. Tem a marca do próprio Jesus, contém o dom total do Filho, que se entrega ao Pai, em total obediência. Esta oração sai directamente do nosso coração (alegre ou feliz, magoado ou ferido) para o coração de Deus que está diante de nós.
Que se faz presente em cada momento. Recusamos pois, a uma vida de orfandade
e de solidão, temos um Pai, nele colocamos toda a confiança. Pai Nosso, é uma oração
de confiança.
3. Iniciamos a oração com a invocação Pai. Tomo consciência que sou filho muito amado do Pai. «E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito que clama: «Abba, Pai» (Gal 4, 6). Quando recebemos este amor do Pai e do Filho, que é o Espírito Santo, recebemos a própria vida de Deus. Receber o Espírito de Deus, é receber a sua vida, tudo o que Ele é. Significa que Deus habita em mim! «Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espíri-to Santo àqueles eu lho pedem!» (Lc 11, 13).
4. Se Deus mora em mim, é para agir em mim, para alterar qualquer coisa em mim. A vida de Deus é activa, não estática. Possui um dinamismo de crescimento (como o fermento faz levedar a massa, ou como a semente que se torna numa grande àrvore). Quantos de nós não faz a experiência dos discípulos de Émaus que sentiam o coração a arder com a explicação que Jesus fazia da escritura? Se me sinto tocado pela palavra de Deus, se sinto paz e alegria em ser anunciador dessa palavra, é porque Deus está a trabalhar em mim. Mesmo quando sentimos que estamos longe de Deus, que não lhe damos o tempo necessário, que nos queixamos da sua ausência. Mesmo aí, Deus está trabalhar no nosso interior, moldando o nosso coração. Não desejarias a luz se já não a tivesses visto. Se agora experimentas Deus como distante, é porque sabes o que é a sua presença. A oração do Pai-Nosso converte-me!
5. Dizer a Deus Pai é reconhecer-se pobre, pequeno e dependente. É dizer com humildade que Deus pode reconhecer em nós o filho que Ele amou em Jesus Cristo. É dizer, em esperança que ele fará por cada um de nós: seus filhos, tudo o que fez pelo seu Filho. Isto responsabiliza-nos, e requer de nós fidelidade e escuta. Depois de orarmos o Pai-Nosso, só podemos ter uma atitude com aqueles que nos rodeiam: fraternidade. Ou seja, assumir-nos uns aos outros como irmãos! A oração do Pai-Nosso cria comunhão.